
Quando pensamos, falamos ou fazemos cultura – quem atua na área sabe – lembramos de Dona Lily. Ela investiu parte de sua riqueza material em obras de arte em toda a sua vida; nos últimos anos foi patronesse de importantes exposições como a de Monet e Camille Claudel. Vitória foi uma das cidades que recebeu algumas obras da dileta de Rodin. Onde podia estar presente na área cultural, Dona Lily estava lá. O que podia fazer para preservar as artes, a história de uma cidade, apoiar um jovem artista ou escritor, ela fazia. Poderiam ser simples palavras de estímulo, como as que escreveu no prefácio de meu primeiro livro ‘Viver’ lançado em 2006: “A escritora consegue transmitir ao longo dos seus poemas o seu amor pelo mundo, a sua paixão para com os outros”, disse Dona Lily sobre a autora.
Dona Lily, em 2005, se esforçou para levar a Vitória a exposição de Camille Claudel e, pessoalmente, escreveu ao então governador Paulo Hartung manifestando o seu desejo de fazer com que os capixabas se aproximassem das obras da grande artista francesa. Dona Lily escolheu Vitória como uma das cidades a fazer o lançamento do seu livro de amor “Lily e Roberto”, que aconteceu no Museu Vale. Numa dessas visitas, foi homenageada pela Assembléia Legislativa, em reconhecimento a sua atuação no mundo das artes. Dona Lily esteve em nossa cidade por apenas duas vezes, mas o suficiente para dizer, na época: “gosto de Vitória, já me sinto uma capixaba”.
E nós é que agradecemos a Dona Lily pelo muito que fez pela cultura no Brasil e pelo pouquinho do que nos proporcionou com a vinda de obras de Camille Claudel.
PS: por coincidência, Dona Lily parte justamente quando me encontro da sua primeira cidade preferida, Paris, pois a segunda era o Rio de Janeiro. Vamos tê-la na lembrança.
Carminha Corrêa – de Paris
Jornalista, escritora e produtora cultural