terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A patronesse da cultura brasileira

Dona Lily Marinho era dessas pessoas que a gente conhece e nunca mais esquece. Daquelas que a gente aprende amar pela sua delicadeza para com o ser humano e simplicidade com a vida. Uma vida que ela soube viver com restrições à liberdade feminina de sua época; uma vida livre e plena de amor que ela descobriu numa maturidade, digamos, mais avançada. Dona Lily era sinônimo de amor: amor pelo próximo, pelas artes, pela cultura, amor pelo Brasil país que adotou como sua segunda pátria, amor por Roberto Marinho. A sua fala mansa, doce e carregada de sotaque francês era um charme à parte.

Quando pensamos, falamos ou fazemos cultura – quem atua na área sabe – lembramos de Dona Lily. Ela investiu parte de sua riqueza material em obras de arte em toda a sua vida; nos últimos anos foi patronesse de importantes exposições como a de Monet e Camille Claudel. Vitória foi uma das cidades que recebeu algumas obras da dileta de Rodin. Onde podia estar presente na área cultural, Dona Lily estava lá. O que podia fazer para preservar as artes, a história de uma cidade, apoiar um jovem artista ou escritor, ela fazia. Poderiam ser simples palavras de estímulo, como as que escreveu no prefácio de meu primeiro livro ‘Viver’ lançado em 2006: “A escritora consegue transmitir ao longo dos seus poemas o seu amor pelo mundo, a sua paixão para com os outros”, disse Dona Lily sobre a autora.

Dona Lily, em 2005, se esforçou para levar a Vitória a exposição de Camille Claudel e, pessoalmente, escreveu ao então governador Paulo Hartung manifestando o seu desejo de fazer com que os capixabas se aproximassem das obras da grande artista francesa. Dona Lily escolheu Vitória como uma das cidades a fazer o lançamento do seu livro de amor “Lily e Roberto”, que aconteceu no Museu Vale. Numa dessas visitas, foi homenageada pela Assembléia Legislativa, em reconhecimento a sua atuação no mundo das artes. Dona Lily esteve em nossa cidade por apenas duas vezes, mas o suficiente para dizer, na época: “gosto de Vitória, já me sinto uma capixaba”.

E nós é que agradecemos a Dona Lily pelo muito que fez pela cultura no Brasil e pelo pouquinho do que nos proporcionou com a vinda de obras de Camille Claudel.

PS: por coincidência, Dona Lily parte justamente quando me encontro da sua primeira cidade preferida, Paris, pois a segunda era o Rio de Janeiro. Vamos tê-la na lembrança.

Carminha Corrêa – de Paris
Jornalista, escritora e produtora cultural

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Vitória, ES, Brazil
Sou uma apaixonada pela vida, pelo meu trabalho e por ser blogueira. A paixão por blogs tomou conta de mim de tal forma que acabei criando o “Misturas Perfeitas”. Aqui, vou compartilhar com vocês um pouco das minhas paixões sobre a imensidão do universo feminino. Espero que vocês curtam e Sejam muito bem-vindos!